quinta-feira, 12 de março de 2009

Felicidade incrível


Sabe quando você acorda com uma sensação de que as coisas estão melhorando? Que apesar de a vida não ser 100% tranquila como muitos gostariam, a sensação de que meus planos começam a dar certo me conforta muito. Claro que eu também queria que dinheiro não faltasse, não existisse a fome, ninguém passasse frio, que não existisse bala perdida, pedofilia que eu não consigo nem comentar sobre, que a igreja não fosse hipócrita ao dizer que aborto é mais cruel do que estupro. Gostaria que as coisas fossem cor de rosa. Que os sorrisos não fossem falsos. Apesar de toda essa onda de terror que existe no mundo, sinto uma felicidade incrível quando chega o final de semana. E nem é contraditório dessa vez.
Sabe quando a felicidade está estampada do rosto? Eu tenho essa impressão. Não tanto quanto eu gostaria, pois sou muito séria, mas acho que dá para perceber que virou rotina e está no rosto, na alegria de viver, na vida. Como eu nunca pude ver essa beleza? Como eu sempre achei que faltava algo??
Então, impossível resumir.


sexta-feira, 6 de março de 2009

A gente se acostuma (mas não deveríamos).

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.

A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.

A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias de água potável.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas,tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.

Se a praia está contaminada a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana.

E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.

(Marisa Colasanti)


* Infelizmente tem certas coisas com que eu não me acostumo.


Feliz aniversário para minha amiga Elisa!! Muitas saudades suas aqui!!! Que Deus te ilumine sempre, que você continue este novo ano pessoal como essa pessoa linda e amada que você é!!!


segunda-feira, 2 de março de 2009

Simplicidade



Segundo o Wikipédia, “Simplicidade é a ausência de artifícios, extravagâncias e excessos de ordem material, social ou psicológica.

Eu tenho verdadeiro PAVOR de exageros, brincos exagerados, roupas exageradas, pulseiras exageradas, atitudes exageradas, estilo exagerado, jeito exagerado, efusivo demais, abraços demais, me soa tudo tão falso e sem noção... Tudo bem que tem pessoas que tem esse estilo e que até combinam sabe, mas não consigo me imaginar dessa forma. Me sinto como se estivesse usando uma calça de palhaço... Confesso que para fazer manha algumas vezes eu exagero na dor, na tristeza, amo um drama, mas no dia-a-dia, não consigo, até já tentei ser “aparecida” demais, mas não cola, fica muito falso, não consigo ser assim. E quando me deparo com alguém assim, eu fico catatônica. Parada. Sem ação. Não sei se começo a rir ou saio correndo. E eu nunca vi uma leonina assim.

Tantas coisas pequenas me fazem feliz, um sorriso, um olhar, uma msg inesperada, uma musiquinha, uma chuvinha, uma borboleta, uma visitinha, uma presença tão simples...

“Não preciso de muito dinheiro, graças a Deus”.

Há muitas coisas que podem dar cor à minha vida, mas poucas são as que dela podem fazer um arco-íris...

E não é que eu tenho um estojo com lápis coloridos me fazendo sorrir por aqui...